Olá pessoal! Nesta publicação trago um tema um pouco desconcertante. Vou falar sobre violência doméstica.
A principal inspiração foi ter visto uma publicação da Tânia Graça (fica aqui o link do Instagram) intitulada de “Violência contra a mulher em horário nobre da TV portuguesa”. Eu concordei com o que vi, mostrava exemplos claros de uma relação tóxica no Big Brother entre o Bruno de Carvalho e a Liliana Almeida e decidi escrever sobre o assunto.
Eu sei que eles agora estão juntos e se amam muito, mas isso não significa que o comportamento que o Bruno mostrou seja aceitável. Deixo aqui o Extremamente Desagradável da Rádio Renascença caso queiram ouvir excertos daquilo a que me refiro.
Não vou analisar a fundo a relação dos dois, não tenho particular interesse na vida deles, mas é uma boa altura para falar do tema! Vou tentar que não seja o básico “violência é mau”, e acrescentar coisas que me ajudam a entender melhor outros Seres Humanos.
Começar pela definição da APAV e por coisas concretas, e depois passo para uma parte em que divago sobre o tema.
Reparem, eu vou usar o masculino e o feminino durante o texto consoante o que me apetecer. Isso – obviamente – não indica que aquilo de que falo só acontece às pessoas a que o género se refere xD É geral independentemente de eu dizer ele, ela, elu, elx ou outra coisa qualquer que agora se diga.
Indice
APAV
A APAV é a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Fala lá sobre violência doméstica, tem relatórios anuais sobre o assunto e contactos úteis caso queiramos ajuda.
Qualquer Ser Humano pode ser vítima de violência. Não importa se é casado, solteiro, se tem um par de cromossomas xx ou xy, se é preto, branco, rico, pobre, com ou sem educação. Afinal, acabamos todos por ser iguais na nossa condição independentemente de todas as diferenças que possamos ter.
Algumas formas de violência são:
– Emocional: Fazer a outra pessoa sentir medo, sentir-se inútil, inferiorizada etc. ex: ameaçar os filhos; humilhar a pessoa na presença de amigos ou familiares e coisas assim.
– Social: Comportamentos que tentam controlar a vida social da pessoa. ex: controlar o telemóvel; controlar as chamadas e assim.
– Física: Esta é a mais óbvia. Murros, pontapés, estrangular, qualquer coisa que prejudique intencionalmente a outra pessoa fisicamente.
– Sexual: Forçar a outra pessoa a atos sexuais que não deseja. Isto pode ser terem relações em conjunto, relações desprotegidas, relações com outras pessoas, etc.
– Financeira: Controlar o dinheiro da companheira(o) sem que ela o deseje. Controlar o ordenado da outra pessoa, controlar os seus gastos, ameaçar retirar o apoio financeiro como uma forma de manter a pessoa presa na relação.
– Perseguição: Comportamento que visa intimidar ou aterrorizar a outra pessoa. “Stalking.”
Isto está em mais detalhe na página de violência doméstica da APAV. Lá também se encontra o Ciclo da Violência Doméstica:
– Aumento de Tensão: Com irritações do quotidiano, discussões simples, a tensão vai aumentado até ao ponto em que a vítima sente que tem que ter constante cuidado com o que diz, incerta de qual será a reação da outra pessoa. Sente-se numa situação de perigo constante, sem saber se a outra pessoa vai acordar bem ou mal disposta, se vai reclamar com algo, se só a vai ignorar ou qual vai ser o seu comportamento.
– Ataque: O agressor maltrata física e/ou psicologicamente a vítima. Talvez porque a vítima foi tomar café com alguém, porque teve uma atitude que o agressor não gostou… Pode até nem ter nada a ver com algo que a vítima fez! Se calhar o agressor teve um dia mau no trabalho e decidiu descarregar a má energia acumulada na pessoa com quem vive…
– Lua de Mel: O agressor envolve a vítima com carinhos e atenções, pedindo desculpa pelo comportamento e prometendo que vai mudar, vai melhorar e não volta a acontecer! Durante esta fase, o agressor é atencioso e a vítima sente que recuperou algum do seu poder, que consegue mudar a outra pessoa e os dois vão ter uma relação boa doravante!
E este ciclo repete-se. Geralmente, as agressões continuam e tornam-se mais frequentes, enquanto a lua de mel fica mais curta. Vou deixar aqui este vídeo de alguém que viveu este ciclo. Está em inglês, mas provavelmente também há bastantes em português… Chama-se “Porque é que eu fiquei, Porque é que eu parti” e é uma história surreal…
Como talvez saibam, eu gosto de relatórios e estatísticas, por isso vou mandar algumas do relatório anual de 2020 da APAV.
Em 2020, o número médio de vítimas que a APAV ajudou – pessoas que sofreram de violência e fizeram queixa – foi:
8 720 Mulheres; 1 841 Crianças; 1 627 Homens, 1 626 Idosos.
– Cerca de 75% das vítimas que contactaram a associação são mulheres;
– 72,6% dos crimes reportados foram por violência doméstica;
– Pelo menos 65% dos crimes foram cometidos por alguém do sexo masculino (há 22% sobre os quais não se tem informação do sexo);
– As 3 maneiras principais de contacto com a APAV foram os Órgãos de Polícia Criminal; Amigos/Conhecidos/Vizinhos; Familiares.
Recomendo lerem os relatórios e estatísticas. É triste, mas é o que é. É preciso ter noção do problema para o resolver. Das informações disponíveis, uma grande parte das mulheres que faz queixa tem o ensino superior. Isto diz-nos duas coisas: não é por ter educação que não acontece; pessoas com mais educação, talvez fruto da exposição ao mundo e circulo de amigos mais diverso, identificam e têm a coragem de fazer queixa da situação em que se encontram mais rápido. (Outra conclusão seria que como mais pessoas estão a ter cursos superiores, é normal que as pessoas que sofrem de violência doméstica e têm educação superior também, aumente.)
Importante lembrar que o número de pessoas que não denuncia continua a ser muito superior ao que denuncia estas ações. Isto é apenas uma pequena fatia do bolo.
Caso tenham alguma suspeita que estás ou que alguém está numa relação abusiva, pode ser que estas perguntas te ajudem a perceber melhor a situação:
- Tens medo do temperamento ou da reação a certas coisas do teu namorado/namorada?
- Essa pessoa ignora os teus sentimentos? Goza com o que lhe dizes ou ridiculariza-te em frente aos teus amigos e familiares fazendo-te sentir mal?
- Já houve agressão ou ameaças?
- Foste forçado(a) a ter relações sexuais?
- Não podes estar com os teus amigos ou familiares porque ele(a) tem ciúmes?
- Tens de pedir autorização para sair?
Na página da APAV tem mais questões e informações que podem ajudar.
Os três C’s
Aqui começa a parte em que sou eu a deambular!
Tudo o que disse antes é triste e é importante ter essa noção. O que vou escrever agora, não é para culpar ou desculpar ninguém, nem é para minimizar ou condenar as ações de outras pessoas. É uma tentativa da minha parte de entender e expressar algumas das razões que podem estar na base destes comportamentos de agressão e vítima.
O Ser Humano é complexo. Somos uma mistura do que nos é determinado biologicamente e das influências do ambiente que nos rodeia. Nunca é fácil entender ou determinar quais as verdadeiras intenções, desejos, sentimentos ou pensamentos de outras pessoas porque depende de inúmeros fatores.
Se na minha família é normal que a mulher seja a “escrava” da casa, eu vejo isso normal. Se um rapaz mostrar características femininas é algo pejorativo, eu não as vou desenvolver. Se o meu país está a ser invadido por russos é normal que eu veja russos como algo mau, algo a evitar e a ter medo ou algo a destruir a todo o custo. – Reparem que eu não tenho que ver o mundo desta maneira! Mas se o fizer, é justificável devido à minha experiência!
Claro que a nossa visão do mundo não é estática! Ela muda à medida que envelhecemos. Alguns mudam mais rápido, outros mais devagar, mas é impossível estagnar completamente.
Há três tópicos que vou explorar e considero importantes para uma relação, para as pessoas se entenderem melhor e não deixarem as coisas descambarem. Elas são: Comunicação, Contexto e Coragem. (Porquê estes 3? Porque eu já tinha pensado em Comunicação e achei engraçado fazer algo tipo os 3 R’s… Penso que se enquadra bastante bem!)
Comunicação
Sem comunicação, ninguém se entende. E comunicar não é nada trivial. Para duas pessoas comunicarem, é necessário existir um enorme conjunto de fatores que ambas partilham. Desde a capacidade de falar/ouvir, a falar a mesma língua, a ter uma visão do mundo que seja minimamente similar. E quanto mais diferente for esta visão do mundo, mais complicada é a comunicação. ex: experimentem colocar um militante do bloco de esquerda e um do chega numa relação. Ia ser difícil comunicarem, por interpretarem as mesmas situações de uma maneira tão diferente!
Fora as possíveis diferenças na maneira de ver o mundo, também há diferenças na maneira como homens e mulheres comunicam. Geralmente, homens estão mais aptos para interagir com outros homens e mulheres para interagir com outras mulheres. Foi assim que aprendemos a socializar, e quando tentamos falar com pessoas do outro sexo, apercebemo-nos que as regras do jogo não são bem as mesmas. Já me aconteceu muitas vezes interagir com amigas minhas como interagiria com amigos e obter respostas completamente diferentes do que esperava. De certeza que isto acontece a toda a gente xD
Assim quando homens falam uns com os outros, existe uma tensão física subjacente. Se eu estiver a falar com um homem que não luta de volta independentemente das circunstâncias, eu não o vou respeitar. E quando interagimos, vou procurar entender como ele reage a certas situações para saber como o enquadrar segundo os padrões que tenho. Do mesmo modo, quando mulheres falam, estão também à procura de outras informações para saber como enquadrar a outra mulher na sua hierarquia. – Notem, homens e mulheres são maioritariamente iguais! E a maior parte do que estou aqui a separar, vale para ambos os lados! Estou a separar, porque as diferenças entre os sexos são particularmente notáveis nos extremos, e é aí que mais dificuldades de comunicação existem.
Por exemplo, em “agradabilidade” – um traço de personalidade parecido com simpatia – se eu tiver 10 pessoas numa sala e quiser a mais simpática, a probabilidade de ser uma mulher é 7 em 10. O que também significa a probabilidade de um homem ser menos simpático é 7 em 10. – Sendo menos agradável “disagreeable”, o homem tem mais pendor para o conflito enquanto a mulher tem maior pendor para apaziguar a situação. Eu no futuro vou falar sobre personalidade, mas deixo aqui uma pequena explicação para os 5 traços principais.
Isto para dizer que estas diferenças no modo como interagimos também dificultam a comunicação, e isto está mais explicito nos extremos. É muito difícil para uma mulher passar a sua mensagem a um homem cuja resposta envolve a tensão física se a discussão ficar acesa. A situação oposta também é verdade, porque homem fica com as mãos atadas. Sabe que não pode ter uma reação física (perde logo toda a razão e transforma-se no agressor), e se a outra pessoa começa a fazer jogos psicológicos, não há muito a fazer… É um beco sem saída.
Isto é interessante noutros pontos para além da violência, por exemplo, na mudança de opinião pública:
– Se alguém que eu respeito defende uma posição, eu fico mais recetivo a essa posição do que se apenas pessoas que eu não respeito a defenderem.
O Henrique Gouveia e Melo acho que é um bom exemplo disso. Ao ser um dos líderes das nossas forças armadas (agora é mesmo o “Chefe do Estado-Maior da Armada”), é respeitado por tudo o que a posição implica! Tem que ser uma pessoa resiliente, que se sabe defender e impor, mas situações que o necessitam. É provável que um homem com baixa agradabilidade o respeite e se identifique mais com ele do que com a Graça Freitas (eu admito que isso acontece comigo xD). Por outro lado, vai haver pessoas que se vão identificar mais com a mensagem da diretora da DGS!
Como disse no início, comunicação é complicado. E não depende só do género, são muitos fatores! Isto é só a ponta do iceberg, existem vários livros sobre o assunto!
Dito isto, está na base de qualquer relação e é fulcral para os próximos pontos.
Contexto
Nós não entendemos as coisas como elas são. A nossa resposta não é sempre racional. Somos seres emocionais que vêm o mundo de um modo enviesado – e tudo bem com isso! É parte do que nos torna interessantes! – Mas temos que ter essa consciência.
Eu sinto-me irritado, sozinho, infeliz, feliz, motivado, ansioso, amedrontado, porquê? O que fez com que eu me sentisse assim? A gama de possibilidades é gigante (principalmente para quando temos emoções negativas) e muitas vezes, a causa está longe do sintoma. Isto é, eu sentir-me irritado agora, não quer dizer que a pessoa com quem estou me irritou. – É uma possibilidade, mas também é possível que eu esteja a trazer stress do trabalho para casa, ou sentir-me frustrado por ter algo para fazer que estou sempre a adiar e não me sai do pensamento.
Para adicionar a esta complexidade, o significado do que uma pessoa diz à outra numa relação é resultado de todas as interações que ambos tiveram, das interações que tiveram com outras pessoas fora da relação e da maneira como as relações são consideradas pela sociedade!
E é por coisas destas que um dia, alguém está mal disposto, começa uma discussão sobre não gostar daqueles pratos que estão na mesa e de repente o casal pondera acabar com um casamento de 20 anos hahaha
Fora isto, o Ser Humano também tem que lidar com o peso da sua existência, que não é fácil.
Quando somos “inocentes” e “ingénuos”, conseguimos confiar no outro e acreditar que todos são de confiança. Mas uma pessoa que viva tempo suficiente não é assim. Já foi traída, já traiu, sabe que as pessoas conseguem enganar e isso traz um pessimismo sobre a natureza humana. Ficamos desconfiados, perdemos esperança na humanidade, há medida que conhecemos mais do mundo e de nós próprios vamos ficar magoados, desiludidos, amargurados… É daí que deve vir o ditado “A ignorância é uma benção“. Obviamente eu não concordo com esta maneira de ver as coisas, mas é algo que acontece! E consigo rever-me nas palavras que escrevo, talvez o leitor também consiga.
Mais vale evitar pensar no porquê das coisas. Só vou encontrar mais dor e amargura. Para quê pensar no futuro? Para ficar desiludido quando não conseguir alcançar o que desejo?
E assim, com o passar do tempo, fico com medo de pensar no futuro e no que quero – porque definir o futuro também é definir o fracasso, e após fracassar, vou saber que a culpa é minha e não tenho mais ninguém para culpar… – fico com medo de confiar em outras pessoas – porque se elas souberem o que eu quero, vão saber o meu ponto fraco e como me fazer sofrer.
Prefiro envolver-me num nevoeiro e não saber nada. Assim não me arrisco a sofrer mais que o que já sofro!
Claro que com esta “solução”, nada na vida tem sentido. Não confio em ninguém, não tenho um rumo, porque decidi não ter objetivos, provavelmente tenho ansiedade porque estou perdido e a minha vida um caos.
Não é um salto muito grande pensar que com algumas decisões erradas eu posso ser esta pessoa amargurada. E também não é improvável que sendo esta a minha vida, eu acabe por fazer os outros sofrerem, como eu também sofro… É triste. E quando alguém coloca o dedo na ferida e nos diz as verdades que temos que ouvir, doí. Tentamos mudar de conversa, gritamos, ativamos todos os mecanismos de defesa para não abrir esse armário onde escondemos as nossas angústias. E quando a outra pessoa desiste e os mecanismos de defesa resultam, sentimo-nos tristes. Isolados… No fundo, se calhar até quero ser ajudado, quero que a outra pessoa me ame tanto que vá ao fundo da questão comigo. O Ser Humano é doido da cabeça xD
Este é o “pior” contexto realista que consigo imaginar. Tudo o que descrevi eu já senti, só o levei ao extremo… E consigo ver qualquer pessoa a seguir este caminho. Não o seguir, implica ter coragem. Enfrentar esse medo e seguir caminho!
Entender o contexto é essencial para saber como agir. O mesmo sintoma pode ter mil e uma causas, e não há uma solução única para todas. Compreender o nosso contexto e o das pessoas com quem temos uma relação requer muito investimento de energia, mas é, na minha opinião, o melhor caminho a seguir.
Coragem
No capítulo anterior, disse que quem vive acaba por ser traído e perder esperança na humanidade… O que não disse, é que também pode abrir as portas à fé e esperança na humanidade. Mas para este caminho é preciso coragem. Coragem para aceitar as nossas vulnerabilidades, arriscar expor o nosso lado frágil e formar um compromisso cujo objetivo é levar as pessoas da relação a tornar-se a melhor versão delas próprias.
É difícil! Estar disposto a expor os meus sentimentos de raiva, de solidão, de ciúme é admitir a minha ignorância, insuficiência e vulnerabilidade… E pelo que sei, ninguém gosta de se sentir ignorante xD é preciso mesmo muita coragem para seguir este caminho, e quem o faz devia sentir-se orgulhoso, porque ninguém consegue ser assim com um estalar dos dedos.
A vida é aquilo que se repete.
Eu tenho o local onde vivo, as minhas relações, o meu trabalho… E isto vai constituir o meu dia-a-dia. Se algo nestas áreas me incomoda, eu vou viver com esse incomodo diariamente. De cada vez que acontece, perco um pouco da energia do meu dia, e eu tenho energia finita! Se calhar tenho o tapete cheio de pó há 1 mês e estou sempre a adiar limpar, mas sempre que passo por ele lembro-me, ou então tenho o quarto desarrumado, ou 20 pratos para lavar… Se eu fizer estas coisas, sinto-me melhor e já não tenho aquilo a incomodar e a sugar energia.
O mesmo com relações. Muitas vezes, pensamos “não vale a pena ter a discussão”, e deixamos passar. Escolhemos a paz momentânea, mas deixamos o problema crescer. A cada discussão que decidimos evitar, a cada cedência que fazemos e nos deixa desconfortáveis, acumulamos mais frustração, ficamos menos capazes de da próxima vez nos defendermos e aumentamos a probabilidade de quando existir uma discussão a sério, ser em relação a 30 situações não faladas, em vez de ser só sobre o assunto em questão. E é aqui que entra a coragem. É crucial ter coragem para bater o pé e defender as nossas linhas numa relação. É crucial existir essa discussão e debate de ideias para que todos possam crescer em conjunto em vez de um membro se tornar o tirano da relação, enquanto o outro, vira o oprimido!
Com o passar do tempo, o tirano fica aborrecido porque não sente desafio, e o oprimido sente-se frustrado e as suas necessidades não são ouvidas. Numa relação, uma discussão é como um peido… – Conter um peido não é bom para a saúde e quando o fazemos muitas vezes, podemos ter problemas sérios. O melhor é soltar! Às vezes, vai cheirar mal, mas temos que lidar com isso… Em certas situações, até podemos aguentar, mas soltamos mais tarde quando tem menos pessoas à volta! Agora, também é verdade que se sempre que me solto ao lado da minha mulher, levo porrada, provavelmente vou ficar com problemas de saúde com essa repressão e vou ter que arranjar outro sítio para soltar o gás! – estou mesmo orgulhoso desta analogia. Espero que tenham gostado ^^
Ter esta coragem para discutir nas relações, manter os nossos valores e defender o que nos é importante é crucial para a comunicação de um casal.
E por fim, também é necessário coragem para deixar a relação quando ela já não faz sentido. Por vezes é a única forma de avançar, e de cada vez que avançamos, deixamos algo para trás…
Também aqui é preciso muita coragem para tomar esta decisão… Não é por acaso que muitas pessoas voltam para quem abusou delas!
Como já falei antes, quem abusa, muitas vezes constrói uma rede de dependência tão grande que a outra pessoa não tem condições para viver por si própria. E, fora isso, também temos que abdicar de muito ao deixar a pessoa.
– Abdico do passado, porque tenho que conseguir admitir que o que fiz foi um erro. Como é que eu acabei com esta pessoa? Como é que posso não repetir este erro?
Isto exige muita energia mental e reflexão… – porque se eu não mudar nada, o provável é que acabe na mesma situação com uma pessoa diferente...
– Abdico do presente. Por vezes tenho que trocar de trabalho, trocar de cidade, mudar de amigos. Mudar tudo o que tenho e saltar para o desconhecido… Será que é a melhor coisa a fazer? Não é óbvio, muito menos quando nos encontramos nessa situação, imagino.
É sempre preciso um sacrifício… E por vezes, não se está disposto a dar esse salto. Então volta-se para a relação, mesmo sabendo que não nos faz bem.
Então ya, coragem. E se estás agora a passar por isto, deves ter orgulho em ti, por lutar pela tua vida, mesmo que mais ninguém o tenha!
Conclusão
Este tópico é pesado. Infelizmente violência continua a existir agora com a invasão da Rússia à Ucrânia está constantemente na ribalta… – É uma situação diferente, mas, no fundo, é violência doméstica. Os países estavam juntos na URSS, separaram-se, mas um dos lados não aceitou bem a separação, então invadiu o antigo companheiro…
Fora de piadas, eu julgo que o conhecimento é a melhor defesa que temos. Conhecermo-nos e conhecer o outro, tentar comunicar, saber qual o contexto das coisas e ter a coragem de tomar decisões difíceis em vez de seguir o caminho mais fácil. Não é algo que temos que fazer sozinhos. Pedir ajuda a amigos, ler, ver testemunhos de outras pessoas, falar com um psicólogo são tudo medidas que podemos tomar para tomar as rédeas da nossa vida! E não é suposto fazer isto se estivermos numa relação abusiva ou tóxica! É suposto fazê-lo para nunca chegarmos a essa situação nas nossas relações!
De certeza que há situações em que não há outra hipótese e a relação tem que acabar. Por mais que eu me esforce, não consigo controlar a outra pessoa, e se não faz sentido, é continuar em frente para procurar um futuro melhor 🙂
Espero que tenham gostado da publicação e faça outras pessoas pensar, tal como me faz a mim.
Até à próxima!