Boas! Bem… 2020 foi um ano complicado. Muitos dirão que o ano foi um erro – depois de todos os horóscopos e previsões a apontar para o melhor ano de sempre, algo não correu bem né…
Aliás, esta publicação era para sair em 2020, mas não o consegui fazer (porque lá está, 2020…), mas senti ter que a escrever de qualquer maneira. Afinal, pensei nesta obra de arte enquanto lavava gobelés, merece ser partilhado xD
Como já todo o mundo deu “roast” a 2020 e eu venho atrasado para esse comboio, não o vou fazer. Até porque já cheira a queimado, então não vou rever o ano de um ponto de vista de enumerar todos os desastres e acontecimentos que aconteceram, vou apenas falar sobre o que aprendi ao longo do mesmo!
Tenho noção que sou um privilegiado por conseguir passar (até ao momento) esta pandemia de um modo confortável e não dou isso como garantido. Dito isto, talvez esta história inspire alguém 🙂
Bom, eu não sei se 2020 foi um erro. Mas foi sem dúvida o ano em que eu mais errei (ou pelo menos aquele em que mais me apercebi dos meus erros). No mesmo ano consegui errar em relações, errar sobre como tratar o meu corpo, errar em investimentos, errar no tratamento dos meus animais de estimação, errar no trabalho, errar a escrever blogs, errar na maneira como julgo os outros e nos preconceitos que tenho, errar no modo como defino as minhas expectativas e como me julgo a mim próprio, etc. E exatamente quando o culminar da acumulação de muitos destes erros está prestes a acontecer, vem um vírus provocar um evento que não acontecia há 100 anos e causar uma crise de saúde, uma crise económica e uma crise social durante uma crise existencial!
Esta mistura parece uma receita perfeita para um bolo “peculiar”… Mas, por outro lado, é uma oportunidade excelente para desenvolvimento pessoal!
Primeiro algum contexto: Muito provavelmente 2018 e grande parte de 2019 foram os melhores anos da minha vida, pelo menos que me lembre. Por todas as experiências, viagens, relações pessoais e outros objetivos de vida que alcancei, sentia-me sempre em alta e saltei de experiência em experiência de um modo fluido e orgânico. Graças a isto, foi fácil silenciar aquela voz inquietante que sinto dentro de mim desde que entrei para a universidade. Sempre a consegui adiar para o futuro, (porque claramente o meu eu do futuro seria muito mais sábio e resolvia aquilo facilmente xD) e fugia à questão convencendo-me que era necessário fazer outras coisas, ou refugiando-me em diferentes estímulos.
Com o fim da universidade, cheguei ao fim do caminho que estava “traçado” para mim e também ao fim de muitas das minhas desculpas. Assim, ao entrar em 2020 começava a ser difícil ignorar aquela voz dentro de mim que reclamava com o meu rumo incerto. Não existia um caminho a seguir, existia apenas um vago objetivo final. – quase como se estivesse no deserto rodeado de areia e o meu objetivo fosse nadar com pinguins… mais importante que o objetivo é o caminho que faço para o atingir, e eu estava “completely failing” nesse departamento.
Tal foi a coincidência que no momento em que eu mais sentia o peso de muitos estes “erros” e incertezas, o mundo foi obrigado a confinar, proporcionando-me um último incentivo que necessitava para pensar sobre o que me inquietava e o que isso significava. “Porque me sentia assim? O que poderia ter feito diferente? Será que posso só encolher os ombros e seguir em frente como tenho feito? O que posso aprender? O que quero para a minha vida?”
O facto de estar “preso” em casa ajudou! A verdade é que também não queria muito sair… Após passar tanto tempo “nas nuvens”, estava na altura de pousar os pés no chão e entender o que estava à minha volta. Olhar em redor e entender onde me encontrava, para onde queria ir, o caminho que percorria e entender quem sou. Comecei a fazer Journaling – que é tipo escrever num diário ^^- (falo mais disso na minha publicação “Medo de ter um Emprego“) e tentei meditar… Meditar não resultou xD desisti pouco depois (outra vez), mas desenvolvi o hábito de escrever os meus pensamentos e sentimentos num caderno… senti que me ajudou bastante a libertar a mente e a discutir comigo mesmo! Apercebi-me do (grande) desfasamento que existia entre o que eu pensava de mim vs a mensagem que eu passava ao mundo. É frustrante ter a consciência de que a pessoa que eu sou e a visão que tenho de mim próprio não são a mesma coisa. Pior, o caminho que percorro não me leva para a pessoa que quero ser.
Felizmente, nada me impede de mudar o meu caminho como eu decidir 🙂 – Quando idealizo quem vou ser tenho uma imagem super clara na minha mente, agora só falta caminhar nessa direção! Parece algo simples, mas também é estranhamente difícil… No entanto, não é tão difícil como parecia no início!
O ser humano é uma criatura de hábitos. Automatizamos certas partes da nossa vida para não tomar todas as decisões que existem constantemente. Isso é bom, poupa-nos tempo e energia. O “problema” é que os nossos hábitos acabam por determinar quem somos e não importa eu ter objetivos ambiciosos se os meus hábitos não correspondem – aquilo que faço no dia-a-dia é o que acaba por definir o meu caminho. Eu sempre tive grandes objetivos e ambição para a minha vida, mas nunca tive hábitos que refletissem esse desejo. Tipo alguém que quer ser rico e tudo o que faz para isso é jogar no euromilhões xD.
Uma boa maneira – para mim – de pensar sobre isto é através do poder das restrições. O ser humano funciona muito melhor quando opera em certos limites – impostos por ele próprio ou por outrem (claro que não estou a falar de regimes autoritários!). Quando tudo é uma possibilidade, estamos perdidos no mar de possibilidades, não temos informação para saber para aonde ir. Quase como estar no deserto de que falei anteriormente.
Boas restrições funcionam como um guia pelo deserto. Podem não dizer o caminho a seguir, mas restringem as possibilidades para um número mais confortável dentro do qual conseguimos operar melhor. O caminho que eu tenho que seguir para ser ator não é o mesmo que o caminho para ser médico ou para ser político. É diferente eu escolher focar-me numa relação com alguém, focar-me na minha carreira ou focar-me na minha relação com a natureza. Vou ter que adquirir hábitos diferentes dependendo do objetivo, e isso é fixe! Cada um pode definir os seus objetivos e mudar os seus hábitos consoante o que pretende. Sinto que a mensagem importante é a de que um objetivo sem os hábitos certos para o atingir dificilmente se torna realidade e o ser humano funciona no seu melhor quando tem as restrições certas na sua vida!
Outra mensagem importante é a de que só conseguimos aprender quando estamos dispostos a aprender e abertos para o que está errado. É necessário um nível incrível de autoconsciência para entender o que pode estar errado… É mais fácil fazer como eu e ignorar aquela vozinha que nos alerta para o que está mal e nos recomenda fazer o que menos queremos, mas, normalmente, isso é exatamente o que precisa ser feito!
E é isto! Era esta a história interessante que tinha para partilhar 🙂
Provavelmente continuo a não ter autoconsciência para me aperceber de várias coisas e posso só acabar por as descobrir após errar, mas não há problema. Sei que consigo aprender algo com isso e tornar-me alguém mais completo, e pelo menos agora sei que estarei mais atento a mim próprio e não terei medo de mudar os meus hábitos para me conduzirem aos meus objetivos!
Sei que uma mensagem que está assente em todo este discurso é a de que cada obstáculo é uma oportunidade. E imagino que numa altura de pandemia em que toda a população enfrenta um obstáculo gigante seja fácil apresentar uma visão céptica em relação às minhas palavras. Dito isto, eu acredito mesmo que esta premissa é verdadeira.
Se tudo correr bem e estivermos confortáveis na nossa rotina, não existe um estímulo para crescimento (salvo as exceções de pessoas super motivadas e disciplinadas e assim…). Eu estava bem na minha rotina e não quis avançar. Os obstáculos que encontrei ao longo do ano foram ótimos para o meu desenvolvimento enquanto ser humano – “obrigaram-me” a pensar de um modo diferente, a refletir sobre alternativas e deram-me motivação para mudar os meus hábitos e comportamentos.
Sim, eu tenho noção que sou privilegiado. Não tenho que me preocupar com contas, vivo num país estável, tenho várias pessoas com quem contar e estou mesmo grato por isso. Não estou – nem consigo – comparar-me a que está em situações muito mais complicadas que a minha, que têm que lutar pela vida, que não sabem se vão ter o que comer ou se vão conseguir providenciar comida à família. É injusto dizer-lhes “cada obstáculo é uma oportunidade”…
Da mesma maneira que a falta de restrições nos pode deixar perdidos, demasiadas restrições deixam-nos atados, sem opções a seguir e não me consigo relacionar com essa experiência, porque sempre tive opções. O que eu posso dizer é que mesmo em condições extremamente difíceis há centenas de histórias de pessoas que seguiram em frente e tiveram sucesso espalhadas pela internet e tenho a certeza que há milhões de outras não contadas. Recentemente vi o filme “In Pursuit of Happyness” – Em Busca da Felicidade – e retrata exatamente uma dessas histórias de sucesso a partir do nada! (sim, é uma história real) Eu não me sinto capaz de fazer o que muitas destas pessoas relatam… não sinto ter a incrível força de vontade que elas demonstram… Mas se elas conseguem, porque não conseguiram também todos os outros seres humanos? Mesmo que no fim não cheguem ao final do caminho que pretendiam! Pelo menos em vida caminharam sempre na direção que a ambição os guiava.
E assim sendo, eu não tenho desculpa para não utilizar os meus obstáculos como um ponto de crescimento, como uma oportunidade para caminhar na direção certa.
2021 – Objetivos
Já que falei sobre o que aprendi em 2020, vou também deixar aqui alguns dos meus objetivos para o meu blog e os temas que pretendo abordar 🙂
O ano passado, contando com a publicação do “The Social Dilemma” – que foi 90% feita em 2020 -, fiz um total de 20 publicações! Quando fui contar estava à espera de muito menos xD Fiquei surpreso quando me apercebi da quantidade de publicações que fiz. Pois bem, como em 2021 não quero perder, o meu objetivo é conseguir 24 publicações interessantes e relevantes para a minha vida durante este ano! (obviamente esta já conta, para ter um avanço hehe)
Não vou ter um calendário fixo de programação, vai ser quando conseguir, mas vou ter uma estrutura. Vou dividir o ano em trimestres em cada trimestre falo de um tema de interesse!
– De fevereiro a abril falarei de tributação, como fazer o IRS de um modo eficiente e de como funciona o sistema financeiro português.
– De maio a julho o tema será investimento, mais focado em stocks individuais. A descrição do stock, modelo de negócio, resumo financeiro da empresa e a minha opinião consoante a minha análise.
– De agosto a outubro e de novembro a dezembro (sim, eu sei que é só 2 meses xD) ainda não sei que temas abordar, mas depois descubro ^^
Cada publicação vai refletir a investigação e conhecimento que eu tenho até à altura da mesma e caso existam erros que eu me aperceba ou alguém me chame à atenção, corrigirei. Caso chegue ao final dos 3 meses sem tocar em todos os pontos que pretendo, acontece, fica para a próxima vez que decidir falar sobre o tema xD
Fora isso, também devo publicar resumo de alguns livros que vou lendo ao longo do ano!
2020 foi um ano complicado… 2021 não está a começar muito melhor -.-‘
Temos vontade de sair, conviver e explorar o mundo exterior! Mas já que temos que nos confinar para lutar contra este vírus, podemos optar por explorar o mundo presente no nosso interior <3
Até à próxima, força e grande abraço 🙂
Ricardo Ribeiro